Renda e mercado
Venda de motos cresce no Piauí e supera duas vezes a de carros
Alta no valor do combustível e do automóvel e aumento do delivery justificam o aumento na procura por motos
Redação - redacao@pinegocios.com.br
Com a crise do preço dos combustíveis, aliada ao encarecimento do valor dos automóveis, a procura por motocicletas vem aumentando cada vez mais no Piauí. Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), nos quatro primeiros meses deste ano, a venda de motos no Piauí ultrapassou a de carros em comparação ao mesmo período de 2021.
Os dados dão conta de que, em 2021, carros e motos tinham o mesmo percentual de vendas: cerca de 46%. Agora, em 2022, carros têm apenas 32% e motos, mais de 60% (veja gráfico). Em 2019, o número de emplacamentos de motos foi de 22.896, porém com a pandemia do Covid-19, esse número caiu para 17.512 em 2020. Já em 2021, é possível perceber um aumento de 23% em relação a 2020.
O de carros (passeio e automóveis leves) foi de 23.852 em 2019, caiu para 18.735 em 2020 e ano passado foi a 16.660, uma queda de 6% em relação ao ano anterior.
A tendência é que, ao decorrer do ano, o percentual de vendas continue aumentando devido aos fatores já citados. É o que afirma Roberto Pinheiro, gerente geral da Japan Motos, em entrevista ao Piauí Negócios. De acordo com ele, o Piauí deve encerrar o ano com 20% de vendas acima do ano passado.
"A alta dos combustíveis fez com que muitas pessoas saíssem do carro e migrassem para as motocicletas. Aqui em Teresina, por exemplo, temos a questão da crise no transporte público, o que faz com que as pessoas procurem por motos. Outra coisa que influencia é a alta no preço dos automóveis, que agora estão sendo fabricados somente em modelos e peças novas que estão caras no mercado. Com isso, a procura por motos vai continuar e devemos fechar o ano com uma média de 20% acima de 2021 ”, explica.
Roberto Pinheiro destaca ainda que existe uma demanda reprimida por conta da falta de peças no estoque de produção das fábricas e, devido a isso, muitos clientes ainda estão na fila aguardando a sua tão sonhada motocicleta.
“Nós temos vendido tudo que é produzido há dois anos. Na verdade, se chegasse mais motos, haveria mais vendas e o percentual estaria ainda maior. No início da pandemia, o mercado nacional estava condicionado para a produção de 80 mil motos por mês. Porém, hoje estamos produzindo 100 mil, e esse é o limite máximo de produção”, comenta o gerente.
Além de todos esses fatores, outros reflexos da pandemia contribuem para o aumento de vendas das motos, como o crescimento do comércio eletrônico aliado à procura por serviços de entrega feitos, principalmente, por motoboys e que seguem se fortalecendo mesmo após o fim do isolamento social. Segundo dados da empresa Statista, especializada em dados de mercado, as vendas por delivery no Brasil registraram um aumento de 20,56% em janeiro de 2022, em comparação ao mesmo período do ano passado.
Para o economista Francisco Sousa, o desemprego também influencia o aumento das vendas de motos. “O desemprego certamente contribui para uma maior procura por motos. O encarecimento dos custos, por exemplo, impacta o dia a dia das pessoas que têm um veículo que passa a consumir um percentual mais elevado da renda das pessoas. Consequentemente, as pessoas precisam cortar custos para se deslocar”, diz.
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