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Entenda como São Raimundo Nonato superou Picos na produção de mel

Uma das explicações é a preservação ambiental, que favorece a cidade do extremo sudeste do Piauí

 
 
Desde 2020, São Raimundo Nonato lidera produção de mel no Estado (Foto: Reprodução/Governo do Piauí)

 Desde 2020, São Raimundo Nonato lidera produção de mel no Estado (Foto: Reprodução/Governo do Piauí)

 
 

Nos últimos dez anos, a produção de mel no Piauí cresceu mais de 400%. Somente em 2022, a produção apícola no estado cresceu cerca de 21% em relação a 2021. Foram mais de 8 mil toneladas produzidas, a terceira maior produção do país, representando 13,5% do total nacional. Um dos destaques desse cenário é a ascensão do município de São Raimundo Nonato como um dos principais produtores do estado. 

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), São Raimundo Nonato alcançou a terceira posição entre os municípios mais produtores de mel no Brasil em 2022. Desde 2020 o município teve um crescimento significativo em sua produção, ultrapassando Picos, até então o maior produtor de mel no estado (veja gráfico).

 

O diretor de Projetos dos Territórios do Semiárido da Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF), Francisco Ribeiro, esclarece que essa reviravolta aconteceu tendo em vista dois fatores cruciais: a disponibilidade de floradas e os investimentos em apicultura.

“Na realidade, São Raimundo Nonato sempre produziu uma grande quantidade de mel. Porém, Picos é mais conhecida pela comercialização. A produção mais abundante de mel em São Raimundo Nonato se deve, primeiramente, à presença de uma maior quantidade de floradas. Em segundo lugar, está relacionada aos investimentos feitos pelos apicultores”, explica.

Francisco Ribeiro explica como a preservação ambiental é aliada na produção de mel (Foto: Governo do Piauí)

 

Além disso, Francisco Ribeiro destaca ainda que o sucesso de São Raimundo na produção de mel também está associado à preservação da flora. O município adota uma política de proteção das áreas florestais, especialmente próximas aos parques nacionais da Serra da Capivara e da Serra das Confusões. Por outro lado, em Picos, a saturação das floradas e a priorização de outras culturas têm limitado o crescimento da produção.

“Picos segue uma lógica industrial, com menos restrições e legislações ambientais. Qualquer pessoa pode, mediante a licença, derrubar a mata para cultivar caju, feijão e outras plantações. Isso leva à saturação do espaço disponível, resultando na falta de novas áreas para crescimento. A falta de novas floradas limita o aumento da produção. Em Picos a produção não caiu, mas estabilizou devido a esses fatores”, aponta o diretor.

Conforme levantamento realizado pelo IBGE, nos últimos cinco anos, os municípios que mais produziram mel além de São Raimundo Nonato e Picos foram Anísio de Abreu, Itainópolis, Simplício Mendes e Jaicós. 

 

Produção apícola movimenta economia no território Serra da Capivara

No território da Serra da Capivara, que inclui, dentre outros, o município de São Raimundo Nonato, destaca-se a cooperativa Mel do Sertão, uma das maiores da região. Atualmente, a cooperativa conta com 340 membros, um crescimento de mais de 900% se comparado a 2021, quando a associação tinha apenas 34 cooperados. No ano passado, a organização produziu mais de 700 toneladas de mel. Segundo Henrique Neri Junior, articulador territorial da cooperativa, a produção gerou uma movimentação de cerca de R$ 35 milhões para a apicultura local. 

“Hoje o Território da Serra da Capivara compreende 18 municípios, é a região que mais produz mel no Estado. Nós frisamos a produção em São Raimundo Nonato, mas também lembramos que existe toda a cultura de trabalho com apicultura na região, uma vez que essa é a mais propícia para se criar abelha no estado e uma das melhores do Piauí”, destaca. 

Cooperativa Mel do Sertão conta com mais de 300 membros (Foto: Divulgação)

 

Em todo o Território da Serra da Capivara há mais de 3 mil famílias que trabalham com apicultura. Entre 2020 e 2023, o número apresentou um crescimento de aproximadamente 40%. “O nosso produtor gosta muito de trabalhar com abelhas. O fato de termos uma diversidade de floradas motiva as pessoas a ingressarem nessa atividade. Hoje estamos aqui graças ao empenho dos nossos apicultores. Eles são quem merecem todos os créditos”, acrescenta.

 


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Em breve, o território será o primeiro do Piauí a ter uma Indicação Geográfica (IG) para produção de mel. O registro IG é conferido aos produtos e/ou serviços que são característicos de uma região ou local de origem. “Está em fase final a conclusão do projeto para registro de indicação geográfica no Território Serra da Capivara. Nosso processo já foi analisado pelo Ministério da Agricultura, agora falta o parecer da Secretaria de Estado do Piauí e da Secretaria da Agricultura Familiar, mas já está tudo certo”, finaliza Henrique Neri Júnior.

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