Com Rally Cerapió à frente, turismo esportivo aquece economia do Piauí

Chegando a seus 35 anos, o Rally Cerapió coleciona muitas aventuras para seus participantes e cifras milionárias que movimentam a economia dos locais por onde a caravana de competidores passa. O evento, que entre 23 e 28 de janeiro de 2022 sairá da praia do Cumbuco, no Ceará, passará pelo litoral piauiense e terá a chegada em Barreirinhas, no Maranhão, vai injetar cerca de R$ 7,7 milhões nos municípios que estão em sua rota, de acordo com cálculos da organização do rally. O Cerapió é um exemplo do potencial econômico do turismo esportivo.

Eventos esportivos movimentam altos valores em todo o mundo. Estudo contratado pelo Travel Leaders Group e pela Adventure Travel Trade Association aponta que cerca de R$ 2,9 trilhões circularam na economia envolta ao turismo esportivo em 2018. Isso engloba competições, turistas em busca de aventura, lazer, em pescarias, por exemplo, ou, à procura de belas paisagens.

“O Cerapió envolve algo em torno de 650 pilotos e uma caravana de 1000 a 1200 pessoas. Porque o Cerapió, se você colocar que, para cada piloto, você tem um apoio, um mecânico, uma esposa, uma namorada, um amigo. Só nossa organização, são em torno de 130 pessoas”, apresenta Ehrlich Cordão, diretor do rally.

Esse grande número de pessoas tem alto impacto na ocupação da rede hoteleira. Pesquisa feita pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Teresina (Semdec) em 2019, mostrou que 62% dos leitos de hotéis da capital piauiense estavam ocupados durante a realização do evento. Naquele ano, ele foi o evento que mais ampliou a ocupação da rede hoteleira teresinense.

Ainda dando os primeiros passos na realização de grandes eventos quando comparada ao Cerapió, a Federação de Atletismo do Piauí (FAPI) realizou, no começo do mês de dezembro, o Troféu Norte e Nordeste Loterias Caixa de Atletismo Sub-18. Eles utilizaram a pista própria para a modalidade instalada na Universidade Federal do Piauí (UFPI) e reuniram 187 atletas de 16 estados, 32 dirigentes e 47 árbitros, sendo 16 de fora do estado.

A realização da competição demandou fornecedores de diversos setores econômicos. “Nós contratamos empresas de confecção de banner, tendas, estrutura para backdrop, mesa, palco, som. Compramos alimentos para café da manhã para árbitros, água. Tudo isso em Teresina”, enumera o presidente da FAPI, Jozimar Venção. Ele destaca que foram compradas 2500 quentinhas e contratadas empresas de transporte para a logística dos atletas.

A ocupação dos hotéis não foi tão impactada porque os quartos já estavam reservados para os inscritos no concurso da Polícia Militar, que ocorreria no mesmo final de semana. Mas, com o cancelamento do certame, algumas delegações se hospedaram na rede hoteleira. Para os que não conseguiram diárias em hotéis, locais como o Centro de Treinamento de Badminton, na UFPI, e escolas foram utilizados como alojamento.

Também praticamente do turismo esportivo e atento aos números gerados pelo setor, o vereador de Teresina Venâncio Cardoso, foca em políticas que preparem a cidade para movimentar esse setor econômico. “O primeiro passo é você fortalecer os praticantes de esporte da cidade dando melhores condições para que eles possam praticar os esportes de rua, que é o ciclismo, a corrida, o patins, o skate”, expõe o parlamentar. Ele reforça dizendo que, para atingir esse objetivo, é preciso ter locais públicos para essas práticas esportivas e segurança para os desportistas.

Em conjunto à melhoria da estrutura para os praticantes de esporte da própria cidade, Venâncio Cardoso afirma que a Prefeitura de Teresina precisa ter uma política de atração de eventos de diversas modalidades. Isso exige, inclusive, uma população mais treinada para trabalhar em atividades como fabricação e manutenção de equipamentos e na organização de competições.

O treinamento para realizar os eventos foi uma necessidade destacada por Jozimar Venção. Ele acredita que a atração de competições regionais e nacionais pode fazer parte da formação dos profissionais piauienses. “Nesse ano, nós resolvemos dar mais ousadia à questão de, realmente, aprender um pouco mais porque, quando a gente traz um evento dessa natureza, termina a gente aprendendo muito. Foi o que aconteceu conosco da administração atual e também com a questão da nossa arbitragem que evoluiu para um novo patamar de conhecimento”, ressalta o presidente da FAPI.

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