Fundos imobiliários e o comércio eletrônico

Segundo dados da NIELSEN, empresa global de análise de dados, “após o anúncio do primeiro caso da COVID-19 no Brasil [...] observamos um crescimento maior do que a média em relação aos novos consumidores do e-commerce brasileiro, ou seja, aqueles que realizaram pela primeira vez uma compra online”. [1]

E o que isso tem a ver com fundos imobiliários?

O crescimento do e-commerce tem influência direta nos fundos que atuam no segmento de galpões logísticos. [2]

Segundo o livro Guia Suno Fundos Imobiliários, “cabe destacar o conceito de ‘last mile’: a última milha. Cada vez mais os galpões deverão estar próximos dos centros urbanos para que as entregas ocorram no mesmo dia”. [3]

Alguns fundos já vinham demonstrando essa preocupação mesmo antes da pandemia, como podemos ver, por exemplo, no relatório gerencial do CSHG Logística FII (HGLG11), referente ao mês de dezembro/2019: “Com a retomada do mercado em 2019, o Fundo deve seguir em linha com o racional de buscar aquisições de imóveis especulativos em praças relevantes do ponto de vista do logístico e, no caso de ativos em regiões afastadas ou menos demandadas, imóveis com contratos em regime atípico de longo prazo” [4]. Por praças relevantes, entendemos que o relatório se refere a boa localização, uma vez que, caso seja um local mais afastado dos grandes centros, o fundo compensará com a celebração de contratos de locação atípicos, que normalmente tem longa duração.

Finalmente, observa-se que o desenvolvimento do e-commerce também tem influência nos FIIs que atuam no segmento de shopping centers, que possibilitam, por exemplo, a retirada de um produto adquirido pela internet em uma loja física, com economia do frete para o cliente. [5]

Por tais razões, parece-me que o investidor de fundos imobiliários deve estar atento à evolução do comércio eletrônico no Brasil, pois essa tendência do varejo faz surgir novas oportunidades de geração de renda em diversos tipos de empreendimentos imobiliários, cabendo aos gestores dos FIIs promover as adaptações necessárias no portfólio, a fim de aproveitar essa realidade.

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