Pandemia
Empresas do Piauí querem novo Pronampe para enfrentar a 2ª onda
Com queda no faturamento novamente, pequenos negócios precisam de novos empréstimos
Robert Pedrosa - redacao@pinegocios.com.br
Com a restrição de atividades econômicas imposta mais uma vez pelo poder público devido ao aumento de casos de Covid-19 no Piauí, as empresas necessitam novamente da liberação de crédito facilitado para enfrentar a crise econômica.
Segundo uma pesquisa divulgada pelo Sebrae, 48% dos empresários de micro e pequenos negócios do Piauí querem linhas de crédito com condições especiais, como o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), lançado em 2020 pelo Governo Federal, justamente para combater os efeitos da primeira onda da pandemia.
O Pronampe permitiu ao empresário pegar até 30% do faturamento em empréstimo, com pagamento em 36 vezes e juros de até 1,25% mais taxa Selic. O programa tinha prazo de carência de oito meses. Ao todo, as três fases do programa em 2020 emprestaram R$ 37,5 bilhões a 517 mil empresários em todo o Brasil.
A 10ª edição da pesquisa “O impacto na pandemia nos pequenos negócios” ouviu mais de 6 mil empresários no país, sendo 55 no Piauí, entre os dias 25 de fevereiro e 1º de março de 2021. A amostra, feita em parceria com a FGV, representa 17 milhões de MEIs, micro e pequenas empresas no Brasil e 175 mil no Piauí.
Entre outras medidas sugeridas pelos entrevistados para auxiliar as empresas, estão extensão do auxílio emergencial (24%), o auxílio para redução e suspensão de contratos de trabalho (4%), adiamento dos impostos (10%) e moratória de dívidas (15%).
69% estão buscando empréstimo
O levantamento revela ainda que a busca por empréstimos aumentou bastante desde o início da pandemia. Nos primeiros meses de crise, o percentual de empresas do Piauí que buscavam crédito girava em torno de 35%. Ao longo de 2020, esse percentual foi subindo gradativamente. Em novembro, eram 49%. Atualmente são 69% dos pequenos negócios do Estado necessitando de algum socorro financeiro.
Reprodução Sebrae
“Estamos atravessando a pior crise sanitária do nosso país. Precisamos salvar vidas, mas também fortalecer a economia. E os pequenos negócios, que representam mais de 95% das empresas formalmente constituídas no Piauí, estão sofrendo bastante os efeitos da pandemia. A pesquisa realizada pelo Sebrae Nacional nos mostra exatamente esse cenário de retração econômica e impacto negativo sobre as micro e pequenas empresas”, destaca o presidente do Conselho do Sebrae no Piauí, Freitas Neto.
A obtenção de crédito, no entanto, não tem sido tarefa fácil para as empresas. Metade dos micro e pequenos empresários piauienses que solicitaram empréstimo em 2020 teve tido o pedido recusado, devido à falta de garantias ou às restrições no cadastro. Outros relatam a excessiva burocracia. Entre os principais bancos que liberaram empréstimo no ano passado a empresas piaueinses, estão Banco do Nordeste, Caixa, Banco do Brasil e alguns bancos privados. A agência Piauí Fomento, ligada ao Governo do Estado, também liberou crédito em 2020, investindo cerca de R$ 30 milhões investidos principalmente nos micro e pequenos negócios.
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78% tiveram redução no faturamento
Segundo o estudo, o percentual de empresas piauienses com redução de faturamento se mantém em cerca de 78% desde agosto de 2020, sendo a média de redução desse faturamento de quase 46%. Ainda de acordo com o levantamento, 85% das empresas estão sofrendo com restrições de funcionamento e apenas 11% em processo de reabertura.
“Apesar de termos registrado um aumento no percentual de empresas com incremento de faturamento, que passou de 5% em novembro para 15% no primeiro trimestre de 2021, a redução continua em níveis muito elevados. Isso nos leva a crer que muitos pequenos negócios não sobreviverão à segunda onda da pandemia, pois já estão com as finanças muito comprometidas. Mas nunca é tarde para se reinventar e buscar alternativas para vencer a crise. E nós do Sebrae estamos à disposição dos empreendedores para auxiliá-los nesse processo”, pontua o diretor superintendente do Sebrae no Piauí, Mário Lacerda.
Demissões
Além da queda no faturamento, a pandemia tem provocado o aumento das demissões no Piauí. Em novembro de 2020, 5% dos pequenos negócios haviam demitido funcionários. Esse percentual aumentou no primeiro trimestre deste ano, passando para 7%.
De acordo com o presidente do Sebrae Nacional, Calos Melles, o recrudescimento da crise sanitária e das medidas de isolamento social para conter a proliferação da Covid-19, obrigaram muitos donos de pequenos negócios a fecharem novamente as portas de seus estabelecimentos, prejudicando a recuperação financeira dessas empresas. “Essa segunda onda atingiu também setores que não estavam sendo tão impactados. A pesquisa revela que nenhum segmento apresentou melhoria e que atividades que foram menos impactadas anteriormente, como o agronegócio, saúde e construção civil, estão sofrendo com a situação atual”, ressalta Melles.
Os setores de Turismo e Economia Criativa continuam entre os mais impactados em nível nacional, mas agora juntaram-se a eles os de Beleza, Serviços de Alimentação e Artesanato. Já os menos afetados são as Oficinas, Pet Shops e Clínicas Veterinárias, Serviços Empresariais, Saúde e Agronegócio.
E com tantas dificuldades enfrentadas pelos pequenos negócios, o grau de otimismo dos empresários piauienses chegou ao pior nível desde o início da pandemia. Durante todo o ano de 2020, os empresários acreditavam que a economia voltaria ao normal no tempo médio de 11 meses. Agora, eles consideram que a economia só apresentará sinais de normalidade daqui a 19 meses.
Clique aqui para ter acesso à pesquisa.
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