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Pesquisa
Abertura de empresas nos bairros supera a área central de Teresina, mas índice de fechamento é maior
Embora maioria, CNPJs abertos nos bairros fecham as portas em pouco tempo, enquanto na área central duram mais
Robert Pedrosa e Emelly Caroline Alves - redacao@pinegocios.com.br
Um levantamento da 95 Consultoria de Dados e Tecnologia, com base em informações da Receita Federal, revelou que o número de CNPJs ativos cresceu mais em todas as quatro zonas de Teresina do que na região central entre 2018 e 2024. Ao mesmo tempo, o estudo revelou que é justamente no bairro Centro e em seu entorno que as empresas permanecem ativas por mais tempo – ou seja, em funcionamento.
Segundo a pesquisa, o número de CNPJs ativos na zona central de Teresina cresceu 31,82% no período, o menor aumento entre todas as regiões da cidade. A zona norte liderou, com 121,79%, seguida pelas zonas sudeste (119%), leste (110,86%) e sul (91,79%) (veja gráfico abaixo).

O estudo coletou dados desde os anos 1960 e comprova o crescimento de empresas fora da região central, com uma alta mais expressiva a partir de 2008 (veja gráfico com mapas de Teresina abaixo)

A pesquisa mostra que as empresas que fecharam tiveram um tempo médio de existência maior na zona central (14,02 anos) em comparação com outras regiões (veja tabela abaixo). “Empresas no Centro podem ter maior resiliência devido à localização privilegiada e ao fluxo constante de clientes, apesar de desafios como altos custos operacionais e concorrência intensa”, afirma o economista Karl França.
Já nas zonas sul e leste, o tempo médio de existência das empresas é menor (8 a 10 anos), sugerindo uma maior rotatividade. “Isso pode estar relacionado a negócios menores e menos consolidados, como microempreendedores individuais (MEIs), que têm maior probabilidade de fechar em períodos de instabilidade financeira”, explica França.
O estatístico Filipe Costa, sócio da 95 Consultoria e autor do estudo, diz que os dados realmente mostram essa maior estabilidade nos negócios da região central. “Ao analisar as empresas que já fecharam, pode-se perceber que a zona central possui maior regularidade, sem um pico tão alto. As outras zonas, principalmente a Sudeste, apresentam um pico com redução gradual, o que indica que os primeiros anos das empresas são mais propensos ao fechamento do CNPJ”, frisa Costa. (veja gráfico).

Aumento de CNPJs é resultado do crescimento da cidade e estímulo de abertura de MEIs
O estudo mostra um aumento significativo no número de CNPJs ativos a partir de 2018, com um crescimento de 86% até 2024. Esse fenômeno pode ser explicado pelo crescimento da população nos bairros e pelo aumento de serviços, além do estímulo à formalização por parte do poder público, com os MEIs.
“Esse panorama evidencia uma diversificação geográfica das atividades comerciais, indicando uma distribuição mais ampla de setores comerciais dentro das zonas. Essa tendência reflete a presença de atividades voltadas para o atendimento de demandas em diferentes regiões, sem a necessidade de deslocamento para o Centro”, comenta Filipe Costa.

O crescimento de empresas pode também estar relacionado à terceirização de serviços, especialmente em setores como construção civil, consultorias e serviços especializados.
O economista Karl França também ressaltou o estímulo à abertura de MEIs pelo poder público. “O Governo Federal, estados e municípios do Brasil, com o advento de novas tecnologias ao longo do tempo, têm buscado formas de arrecadar mais. Por isso, implementam políticas para simplificar a abertura de empresas, como a criação do MEI e a redução de custos e trâmites burocráticos. Isso pode ter incentivado a formalização de negócios”, destaca.
A pandemia da Covid-19, a partir de 2020, registrou um aumento expressivo na abertura de empresas, possivelmente impulsionado por mudanças no mercado de trabalho e pela necessidade de adaptação a novos modelos de negócios, como o comércio online e serviços de entrega.
Clique aqui e acesse o estudo completo
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