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O que faz Teresina ser um polo de saúde regional
Pacientes chegam a viajar até 184 quilômetros para buscar atendimento médico na capital.
Emelly Caroline Alves - redacao@pinegocios.com.br
Teresina, a capital do Piauí, consolidou-se como um importante polo de saúde nas últimas décadas, atraindo pacientes tanto do interior do estado quanto de regiões vizinhas como Maranhão e Ceará. A pesquisa ‘Regiões de Influência das Cidades (Regic)’, divulgada pelo IBGE em 2020, revelou que pacientes chegam a viajar até 184 quilômetros para buscar atendimento médico na capital. Isso inclui desde procedimentos de baixa até alta complexidade, como consultas em cardiologia, oncologia e exames avançados, como tomografia e ressonância magnética.
De acordo com o presidente da Unimed Teresina, Newton Nunes Filho, 10% dos pacientes atendidos pela operadora vêm de fora do estado, o que demonstra a abrangência interestadual dos serviços de saúde locais. "Uma parte significativa dos pacientes é de Teresina, mas também recebemos um grande número do interior do Piauí e de estados vizinhos", afirma Nunes.
A Humana Saúde, operadora de alcance nacional que atua na capital e em diversos estados do Nordeste, também atende pacientes de outras regiões, com destaque para Maranhão, Ceará e Tocantins.
“Basicamente, toda a média e alta complexidade consegue ser realizada em Teresina. Outros estados, de onde vários pacientes vêm buscar tratamento aqui estão mais estruturados, assim como temos visto maior resolutividade no interior do próprio estado, mas Teresina segue com uma posição consolidada, como polo de saúde. Em Teresina, temos pacientes vindos das cidades do Maranhão mais próximas, como Timon, Caxias e Bacabal, por exemplo”, destaca o Dr. Marcelo Burlamarque, Diretor da Humana Saúde e das unidades de saúde do Grupo Med Imagem.
Na saúde pública, a quantidade de pessoas provenientes de outras regiões do estado é expressiva. Segundo dados da Fundação Municipal de Saúde (FMS), 30% dos pacientes atendidos em consultas e exames são oriundos do interior do Piauí. Já nas internações, esse percentual aumenta para 42%, enquanto 3% dos pacientes vêm de outros estados.
Mas afinal, o que torna Teresina um polo de saúde intermunicipal e, até mesmo, regional? Um dos principais fatores é a infraestrutura hospitalar. Desde a década de 1990, os quarteirões voltados para a saúde, com hospitais e clínicas especializadas, se tornaram um símbolo do desenvolvimento do setor na capital. A cidade conta com uma rede composta por hospitais públicos, privados e filantrópicos, que oferecem especialidades médicas de alta complexidade.
“Teresina atrai pacientes de outros estados que precisam de atendimento especializado e, muitas vezes, não encontram em suas cidades de origem. A infraestrutura hospitalar é um fato que impulsiona essa procura. A localização central e proximidade com outros estados do Nordeste a tornam um ponto de referência em tratamentos avançados”, explica Newton Nunes.
O elevado número de profissionais de saúde é outro fator que reforça a posição de Teresina como um polo de saúde. A cidade possui 6.399 médicos registrados, com uma média de 7,33 médicos por mil habitantes, superando a média nacional de 2,8. Além disso, cerca de 60% desses profissionais são especialistas, o que amplia a capacidade de atendimento em áreas de alta complexidade.
“A capital há bastante tempo tem sido referência como polo de saúde, pela capacitação técnica de seus profissionais e alta resolutividade para as condições de saúde em todas as especialidades, e isso, em um curto intervalo de tempo", afirma o Dr. Marcelo Burlamarque.
Para Samuel Rego, vice-presidente do Sindicato dos Médicos do Piauí (Simepi), a concentração de especialistas em Teresina é um dos principais atrativos para pacientes de outras regiões. "Nas cidades menores, a atenção especializada ainda é muito deficiente, o que gera um grande número de encaminhamentos para a capital, inclusive para exames mais complexos", afirma.
Crescimento na demanda por serviços de saúde
O setor de saúde privada em Teresina também tem mostrado crescimento acentuado nos últimos anos. Segundo o Data Sebrae, entre 2019 e 2024, o número de clínicas e consultórios de micro e pequeno porte aumentou em quase 77%, com uma média de 232 novas aberturas por ano.
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Outro indicador do potencial de Teresina como polo de saúde é o aumento da demanda por serviços médicos especializados. O estado do Piauí possui mais de 520 mil beneficiários de planos de saúde, e só em 2019 foram realizadas quase 2 milhões de consultas por meio de planos privados. Já em 2023, Teresina realizou 274.057 consultas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a Fundação Municipal de Saúde (FMS).
Além disso, o investimento dos teresinenses com planos de saúde atingiu a marca de R$ 704 milhões em 2023.
“A cidade tem se beneficiado da adoção de novas tecnologias e parcerias entre o setor público e privado, algo que fortalece o sistema de saúde local”, destaca o presidente da Unimed Teresina.
Esse avanço impacta diretamente a economia local. O setor de saúde é responsável por 8,1% dos empregos em Teresina, gerando mais de 21 mil postos de trabalho, de acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS).
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