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Retiradas da poupança podem afetar financiamento imobiliário no Piauí

Volume de crédito para imóveis no estado foi de R$ 425 milhões em 2021

 
 
Piauí financiou mais de 4 mil unidades habitacionais em 2021 (Foto: Piauí Negócios)

 Piauí financiou mais de 4 mil unidades habitacionais em 2021 (Foto: Piauí Negócios)

 
 

A redução do montante disponível na caderneta de poupança, uma das principais fontes de recursos para financiamento de imóveis, pode afetar o mercado imobiliário no Brasil. A Caixa Econômica Federal, que detém quase 70% do crédito imobiliário no país, alertou para a falta de recursos a partir de 2025.

"Os recursos estão no limite da capacidade de financiamento da habitação. Em 2024, a questão da habitação está resolvida. Em 2025, não sabemos", admitiu o presidente do banco, Carlos Vieira, em coletiva de imprensa realizada em fevereiro deste ano.


Essa situação tem impactado diretamente o mercado imobiliário. Os bancos são obrigados a destinar 65% dos depósitos da poupança ao Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que financia imóveis com juros limitados a 12% ao ano.


Com a retirada de valores da poupança, há uma queda no número de financiamentos, o que já se reflete no mercado: em 2023, o número de lançamentos de imóveis pelo SBPE reduziu entre 20% e 30%, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

No Piauí, em 2021, segundo um estudo apresentado durante o Fórum Norte Nordeste da Indústria da Construção, foram financiadas 4.241 unidades habitacionais, totalizando um crédito de R$ 425 milhões.


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Em entrevista ao Piauí Negócios, o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Piauí (CRECI-PI), Pedro Nogueira, confirmou que essa mudança pode afetar quem quer comprar seu imóvel por meio do financiamento.

“O recurso da poupança ainda é muito alto, mas essa crescente retirada está gerando escassez de dinheiro para o financiamento de imóveis. Isso atrapalha quem quer comprar seu imóvel e atrapalha a geração de emprego no mercado imobiliário, que é o segundo maior ramo de atividade econômica em relação ao PIB”, destacou.

Pedro Nogueira, presidente do CRECI-PI (Foto:divulgação)


A preferência pelo financiamento foi atestada ainda por uma pesquisa feita pela Brain Consultoria em Teresina. Os dados revelam que a maioria dos entrevistados precisa de financiamento para comprar uma casa. Isso se deve prazos longos, que reduzem as parcelas para se adequarem às rendas mensais. As prestações são limitadas a 30% da renda do mutuário, e os financiamentos duram até 35 anos, apresentando um risco historicamente baixo de inadimplência.

Busca por bancos privados pode ser a solução

Para Rawilson Osternes, sócio-fundador da Ramo Capital, empresa de soluções financeiras, outra opção seria a busca por bancos privados. “Quando se fala em financiamento imobiliário, a Caixa é o primeiro banco que vem à mente, mas isso está mudando. Não só pela falta de recursos, mas também pela disponibilidade de outras opções viáveis oferecidas por bancos privados, embora com taxas um pouco mais altas”, diz.

Rawilson Osternes, sócio-fundador da Ramo Capital


Osternes acrescenta que a Caixa já tem buscado investimentos internacionais para desenvolver a poupança. “Se isso não acontecer até o final do ano, a concessão de crédito para financiamento imobiliário no Brasil ficará ainda mais precária”, concluiu.

A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) prevê que o volume de crédito no sistema fique estável em relação ao ano passado, mas reconhece a necessidade de recursos adicionais, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), embora a um custo maior.

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