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sustentabilidade
Piauí terá primeira fábrica de tijolo ecológico
Projeto piauiense tem investimento total de R$ 1,5 milhão e fábrica deve começar a produzir em junho deste ano
Robert Pedrosa - redacao@pinegocios.com.br
O Piauí está prestes a inaugurar sua primeira fábrica automatizada de tijolos ecológicos. A produção será 100% voltada para o produto, amplamente utilizado em várias regiões do Brasil.
O tijolo ecológico é produzido a partir de materiais sustentáveis e processos que visam reduzir o impacto ambiental. Eles são feitos de terra, areia e cimento, sem o uso de produtos químicos nocivos.
Idealizado pelos irmãos Leonardo Pereira, engenheiro de produção, e Laís Ribeiro, modelo, o projeto recebeu um investimento total de R$ 1,5 milhão, com aporte de R$ 500 mil da Agência de Fomento e Desenvolvimento do Piauí (Badespi) junto à Financiadora de Estudos e Projetos do Brasil (Finep). A fábrica terá sede em Teresina e a produção está prevista para começar em junho deste ano.
Segundo Leonardo Pereira, ao utilizar o tijolo ecológico, o consumidor final consegue uma economia de até 40% na obra, já que o produto não requer argamassa e outros materiais para sua aplicação. Outro fator positivo é a velocidade de construção: com esse material sustentável, é 50% mais rápido construir o imóvel.
“Esse tijolo, cientificamente chamado de tijolo solo-cimento, é mais durável e resistente, sendo sete vezes mais forte que os tijolos tradicionais. Com ele é possível reduzir o uso de materiais como cimento, areia e madeira, pois são blocos encaixáveis e fixados com uma cola especial”, explica o empresário.
A previsão é de que, com apenas um maquinário, sejam produzidos cerca de 3.500 tijolos ecólogicos por dia. Após seis meses da inauguração da fábrica, uma segunda máquina deve ser adquirida para que o volume de produção seja dobrado. "Nossa ideia é que, em seis meses, a gente consiga produzir entre 6 mil e 8 mil tijolos por dia", destaca Leornardo.
Inicialmente, a fábrica estima gerar entre 10 e 15 empregos. No entanto, em cinco anos de atuação, o empreendimento deve gerar cerca de 60 empregos diretos. “Além disso, iremos movimentar toda uma cadeia indireta de serviços, como fornecedores primários e secundários. Em um ano, queremos dobrar a produção e multiplicar a fábrica. E em dois anos, levar o projeto para Floriano”, destaca.
Ideia surgiu há dois anos
A ideia de estabelecer uma fábrica no Piauí surgiu em 2022. Leonardo relata que passou três anos estudando o processo de produção de tijolos ecológicos em Minas Gerais. Ao testemunhar a eficácia e a alta demanda pelo produto, ele e sua irmã decidiram investir na criação de um empreendimento em sua cidade natal.
"Passei três anos imerso na produção de tijolos ecológicos, acompanhando desde a produção manual até a automatizada. Ao perceber a demanda e aceitação em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, decidimos trazer essa iniciativa para o nosso estado. Além de implementar uma cultura sustentável, a fábrica vai gerar emprego e pagar impostos, o que automaticamente movimenta a economia”, comenta o engenheiro de produção.
O projeto passou por um estudo de viabilidade financeira conduzido pelo Sebrae. "Antes de apresentarmos nossa proposta à Badespi, queríamos garantir sua viabilidade e potencial retorno financeiro. Após três meses de análise, o projeto foi aprovado. Agora, estamos dando continuidade à etapa prática”, acrescenta.
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Para o presidente da Badespi, Feliphe Araújo, a fábrica será uma oportunidade de promover o desenvolvimento econômico sustentável no estado através da geração de renda e emprego. “Queremos impulsionar empreendimentos que fortaleçam a economia local e também incorporem práticas sustentáveis. O tijolo ecológico é uma solução inovadora que atende às demandas do presente e se alinha ao compromisso de deixar um legado ambientalmente saudável para as futuras gerações”, disse o gestor.
Leonardo Pereira lembra que o aporte financeiro da entidade é fundamental para a viabilização das obras. “Nós já tínhamos a intenção de investir nesse projeto, mas estávamos mensurando os gastos, que em dois anos serão acima de R$ 1 milhão. Ter o apoio do governo nesse momento nos dá confiança e motivação”, ressalta.
Por que o tijolo ecológico é considerado sustentável?
Diferentemente do tijolo convencional, o tijolo ecológico não passa por queima durante sua fabricação, o que elimina as emissões de CO2 na atmosfera. Além disso, na produção dos tijolos tradicionais, entre 10 e 12 árvores são derrubadas para servir de lenha.
“Não podemos apagar a história do tijolo tradicional, afinal, moramos em estruturas feitas deles. Mas, com o tempo, buscamos melhorias para construir em harmonia com a natureza, daí surge o tijolo ecológico como uma opção. Ele não é queimado durante a cura, é feito a partir de uma reação química entre seus insumos. Após sete dias envolto em papel filme, já pode ser enviado para a obra”, esclarece Leonardo.
Veja o vídeo:
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