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Atacarejos vão virar supermercados tradicionais, preveem líderes do varejo
Modelo que une atacado e varejo estaria se esgotando e saída seria aposta no formato tradicional, avaliam supermercadistas
Robert Pedrosa - redacao@pinegocios.com.br
Crescendo no Brasil graças ao um modelo que permite preço mais baixo, por vender também no atacado, os atacarejos não devem conseguir manter o formato num futuro próximo e serão obrigados cada vez mais a oferecer os mesmos serviços dos supermercados, cujo foco é o varejo. Alguns inclusive já começaram as mudanças.
A observação acima foi feita durante um painel sobre o setor de supermercados realizado no NM2Business (Nosso Meio tu Business), encontro de negócios, marketing, mercado e comunicação que aconteceu na terça (9) e quarta-feira (10) em Fortaleza (CE). Participaram do painel o empresário Nidovando Pinheiro, presidente da Associação Cearense de Supermercados (ACESU) e da rede cearense Nidobox; Alexandre Pinheiro, diretor comercial dos Supermercados Pinheiro e Fernando Ramalho, vice-presidente da rede Mercadinho São Luiz. O Piaui Negócios esteve presente no evento e conversou com os três empresários.
Esse sucesso do modelo dos atacarejos, com lojas grandes e preço baixo, é uma consequência apenas no momento, segundo Nidovando Pinheiro. A crise econômica pela qual passa o país leva naturalmente o consumidor a buscar preços menores, mas logo que a renda das famílias melhorar, parte dos clientes vai buscar o modelo antigo de supermercados, que têm mais variedade de produtos, tamanho da loja menor e preços de varejo.
Nidovando afirma que o consumidor cearense não gosta de comprar em estabelecimentos muito grandes, como os atacarejos, devido à dificuldade de encontrar os produtos da lista de compras. “O consumidor tem muito menos tempo hoje”, frisa. Além disso, o mix de produtos é maior nos supermercados, que também oferecerem serviços com lanchonetes, praça de alimentação e até mesmo se beneficia das lojas da vizinhança, com outros serviços e produtos.
O empresário cita, inclusive, que os atacarejos começam a oferecer serviços que antes somente os supermercados faziam, como vender a carne já cortada em fatias. “Isso aumenta os custos. A tendência é os atacarejos ficarem cada vez mais parecidos com os supermercados. No momento que o país voltar a ter crescimento, com poder de renda melhor, os atacarejos tendem a virar varejo. Iremos presenciar esse movimento”, aposta Nidovando. Ele explica, no entanto, que essa mudança não será rápida, mais de forma lenta, talvez nos próximos dez ou 15 anos.
Fernando Ramalho, vice-presidente dos Mercadinhos São Luiz, diz que quem dita as mudanças do mercado é o consumidor e atual formato dos atacarejos só permite um menor preço por não oferecer os mesmos serviços dos supermercados. “Mas há muita gente que não gosta de ir em atacarejo, e por conta dessa concorrência (entre acatarejos e supermercados menores) essas grandes redes não estão mais se limitando às rodovias nas saídas das cidades e inciam a penetração nos bairros”, afirma o empresário.
Esse movimento de aproximação de maiores adensamentos urbanos ficou bem claro quando a rede Assaí Atacadista comprou todas as lojas dos hipermercados Extra em todo o Brasil. Em Teresina, por exemplo, a antiga loja do Extra fica uma região bastante populosa e com vários serviços ao redor: o cruzamento das avenidas Presidente Kennedy e Jockey Clube, no bairro São Cristóvão. O local agora será um Assaí Atacadista e a inauguração deverá ocorrer ainda este semestre.
Alexandre Pinheiro, do Supermercado Pinheiro, diz que está muito atento ao movimento dos atacarejos e acha natural que eles tenham crescido com a perda de poder aquisitivo da população. Mas isso vai mudar, de acordo com Alexandre. “O consumidor tem exigências, quer mais serviços. A partir do momento em que os atacarejos oferecerem mais serviços, terão mais custos e precisarão aumentar os preços”, analisa.
Como o Piauí Negócios mostrou, a chegada das redes nacionais e regionais de atacados ao Piauí nos últimos dez anos não afetou o faturamento dos supermercados tradicionais locais. Os dois maiores do Estado, Carvalho Super e R Carvalho, continuam crescendo e inaugurando lojas.
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O NM2Business (Nosso Meio to Business) foi promovido pela plataforma de comunicação Nosso Meio e correalizado pelo BS Innovation Hub, no BS Design, em Fortaleza. O encontro de alta gestão reuniu centenas de visitantes de todo o Nordeste para conferir a agenda inédita, marcada pela produção de conhecimento, inovação e encontros com grandes personalidades, players e marcas de renome regional e nacional.
O evento teve o patrocínio da Unimed Fortaleza, BScash, PWC Brasil, Sobral Gráfica e Editora, MOV Comunicação Visual, Grupo Urbmídia, Eletromidia Fortaleza, Aaron Rótulos & Etiquetas, Terravista360, Cajuína São Geraldo, Fortes Tecnologia, Formma Contábil, Amar.elo Saúde Mental, Entravision Cisneros Interactive, Grupo Audens, Odontoart, ACESU, Sankhya, ESPM, Outbox e ibyte.
O apoio institucionanl foi da USP, Fundação Dom Cabral, Barros Soluções e Consultoria, FENAPRO, Sinapro-CE, Kantar Ibope Media, IBEF-Ceará, ABRH-Ceará, GAN-SP, ACADi, Gomes de Matos Consultoria, Cerveja Turatti, Wirelink, Capuchino Press, Grupo 3corações, Nossa Fruta, Pardal Sorvetes e Noélia Doces & Salgados.
O site Piauí Negocios esteve no evento a convite da organização
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